O drama do Emperrador

Terça-feira, 11 de maio, 13 horas. Jornalistas do mundo inteiro aguardavam ansiosos a divulgação da lista dos 23 convocados do técnico Dunga para a Copa do Mundo. Sempre cercada de muita expectativa, a lista da seleção brasileira mobiliza multidões: dos comentaristas esportivos de todas as mídias até o mais humilde torcedor, todos no país se tornam técnicos e sempre acham que seria melhor levar fulano e deixar beltrano. Pipocam na imprensa análises de cada um dos convocados e dos não-convocados. É quando realmente começa a Copa do Mundo.


E entre os jogadores? Enquanto para os 23 convocados o dia era de festa e comemoração, para alguns outros, o mundo vinha abaixo. Toda esperança de ir à África ia por água abaixo. Mas para um jogador especificamente essa não-convocação teve um gosto amargo. Aliás, amargo não, porque cerveja também é amarga e nem por isso ele deixa de beber. Digamos que teve um gosto de Glacial ou Cintra (só lembrando aos produtores da Glacial e da Cintra que é só eles colocarem um dinheiro aqui no Blog que eu rapidamente altero para "teve um gosto de Skol ou Itaipava"). Estamos falando do craque do Universidad Histórica Roberto Bolaños.


O craque começou a fazer sucesso no São Vicente, de Laranjeiras. No entanto, sentindo-se deprimido e sem esconder suas raízes, voltou para jogar num time de História e recuperar a alegria de jogar. Polivalente, o craque conseguia jogar tanto no gol como na linha, sempre fazendo boas exibições. Além disso, sua liderança em campo lhe garantiu a braçadeira de capitão do UH. Dunga, que gosta de jogadores aguerridos, confessou estar de olho nele. E o craque vinha fazendo por onde merecer essa vaga. Além do esforço em campo, vinha trabalhando para manter a forma fora das quatro linhas. Iniciou uma rigorosa dieta que o fez perder 10 quilos em um mês. Era frequentemente visto correndo na praia, mesmo após os puxados treinos do Universidad. Também, em prol da convocação, deixou o copo, e passou a beber apenas água e suco naturais. O resultado todos podiam ver em campo. Grandes atuações, forma física invejável, nada mais de ressaca. Mas aí...


... chegou o carnaval e começaram os problemas. Mais de uma semana sem treino foi o suficiente para minar seu condicionamento físico. A abstinência foi pro espaço: com 140 caixas de cerveja, fora whisky, melancia e, é claro, ypirocaaaaaaaaaa, Roberto nem se dava o luxo de esconder que estava bebendo. Flagrado diversas vezes com o copo na mão, fazia questão de fazer pose mordendo o beicinho, balançando ao som do funk ou traçando alguma mocreia nas micaretas, debochando de tudo e de todos.


Acabou o carnaval, mas não os escândalos. Já no domingo seguinte à folia, foi visto completamente embriagado, dormindo com a cabeça encostada na parede. A silhueta também começou a ficar comprometida quando mandou a dieta para as cucuias. A fama de azarado retornou, quando mesmo após boas atuações no gol não impediu seguidas derrotas. Constantemente era visto em churrascos no Morro da Providência, onde foi criado e é tratado como rei, em meio a companhias nada saudáveis. Mas o ápice da sua derrocada foi quando sua namorada, a personal fucker Edna Machado - com quem vive um namoro cheio de idas e vindas - subiu a Providência para buscar o amado, que estava numa orgia de três dias regada a whisky e mulheres. Edna armou um escândalo e quebrou o carro de outros jogadores do UH que também estavam na suruba, e Roberto mandou os traficantes locais amarrem sua namorada numa árvore. Cercado de bajuladores e marias-chuteiras, o craque desfilava soberba com a certeza de sua convocação.


Diante dessas atitudes, Dunga não teve escolha a não ser não convocá-lo. Agora, o que os amigos temem é que Roberto entre numa depressão profunda. O UH ainda apoia o atleta, mas ficar fora do Mundial por essas circunstâncias pode prejudicar futuros patrocínios. A torcida tem pego no seu pé, vaiando o craque. E nem mesmo entre os colegas do time, Roberto continua uma unanimidade. Embora a maioria dos jogadores o apoiem incondicionalmente, outro craque-problema, o veterano e chato Thiago, tem reclamado publicamente das regalias dada ao jogador. Os poucos amigos de infância que continuaram morando na Providência após a instalação da UPP no morro já estão passando o cerol na linha para que Roberto possa esquecer a seleção através de um de seus hobbies: soltar pipa descalço na laje. Sua mina de fé, Edna, também deixou a Flórida, onde estava morando, para consolar o craque. Resta saber agora se Roberto vai conseguir se reerguer. Até porque, depois que ele parou a sua dieta, para erguer o atleta só arrumando um patrocínio do Carvalhão.