Te amo, espanhola - Day 32

Espanha 1 x 0 Holanda

Acabou!!! Depois de 64 jogos a Copa do Mundo chega ao fim e conhece sua nova campeã. E é a Espanha, dona do melhor elenco do Munidal, de um toque de bola refinado e irritante e dos jogadores mais habilidosos do planeta.

O duelo entre Espanha e Holanda prometia. Picasso ou Van Gogh? Cervantes ou Erasmo? A música eletrônica de Ibiza ou os coffeshops de Amsterdã? A final da Copa do Mundo entre Espanha e Holanda tem muito mais coisa em jogo do que simplesmente seus futebozes.

A Holanda é o time preferido de Bob Jef, afinal todo mundo sabe que um cara como Bob precisa estar cercado de laranjas. A relação da Holanda com a África do Sul não é lá muito boa para os africanos: foi a partir da colonização holandesa na região que tomou forma o regime de segregação racial que viria a ser conhecido como apartheid. Mas levar essa ideia de segregação para a Holanda de hoje é, como diria Márcia Bandeira, o maior pecado que o historiador pode cometer. Hoje, o país do Chico Buarque é um dos mais liberais do mundo, legalizando o casamento de homossexuais, o uso de drogas leves em determinados locais e a prostituição.

A Espanha também tem um histórico de barbaridades cometidos pela colonização. Os espanhóis, ao chegarem à América, cometeram atos terríveis, como a matança generalizada dos índios, a exploração predatória de toda a região e a criação da Argentina. Mas, tal qual a Holanda, a Espanha já se redimiu dos erros do passado contribuindo para algumas das melhores invenções da humanidade, como o Barcelona e a espanhola.

Mas vamos ao jogo. Como toda final de Copa do Mundo, a partida foi chata, todo mundo com medo de perder. Poucas chances e todas parando nas mãos ou pés dos bons goleiros Casillas e Stekelenburg. A Fúria estava mais calma, sem demonstrar o mesmo toque de bola preciso e fatal que o do jogo contra a Alemanha. A Holanda também não conseguia mostrar o mesmo ímpeto e praticidade das partidas anteriores e acabou apelando pra violência, baixando o sarrafo nos espanhóis. A final mais violenta da história acabou só com um expulso, o zagueiro Heitinga de Marambaia. Um previsível zero a zero no tempo normal.

Veio a prorrogação e aquela sensação de que as duas equipes estavam doidas pra decidir nos pênaltis. O panorama de poucas e desperdiçadas chances continuou. Até que quase no finzinho do segundo tempo Iniesta recebe livre e chuta sem chance pra Stekelenburg. Gol da Espanha e do título. Festa em Madrid, Barcelona e Ibiza. Tristeza em Amsterdã, Posto 9 e Sana. A taça ficou com a equipe de futebol que, mesmo ganhando quase tudo por 1 x 0, conseguiu jogar bonito. E bom mesmo foi o Casillas, campeão do mundo e que ainda pegou a repórter mais gata da Copa. Esse é meu ídolo!

E eu, Dany e Armando ainda estamos aqui na África. Graças às atrozes restrições orçamentárias da nossa cobertura da Copa, não temos como fazer a viagem de volta. Galera, faz um apelo pro Bob Jef pra arrumar as passagens pra gente aí! Pode ser de qualquer jeito. A gente aceita até voltar no mesmo avião que o Galvão Bueno!